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10 perguntas a Guy Harvey

  • 3 de novembro de 2015
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Guy Harvey

Em 2014, a Norwegian Cruise Line convidou Guy Harvey, o mais famoso artista de vida selvagem marinha do mundo para criar uma arte exclusiva no maior e mais recente navio da Norwegian Cruise Line, o Norwegian Escape. Outros elementos da arte criada serão distribuídos pela embarcação de 1,065 pés e criarão cenas marinhas que se misturam perfeitamente. O Norwegian Escape começará a navegar de Miami para o Caribe no início do outono.

Harvey cresceu na Jamaica e mantém seu estúdio de arte na Grande Cayman, onde mora com a esposa e dois filhos. A Revista Latitudes fez ao artista 10 perguntas sobre suas paixões e sua maior obra de arte até agora.

Norwegian Escape

Revista Latitudes: Conte-nos sobre o desenho que você criou para o Norwegian Escape. Como ele surgiu e quais desafios você teve ao trabalhar com uma tela tão grande?

GUY HARVEY: Eu fiz uma colagem com imagens artísticas já existentes, dispondo diferentes espécies de peixe ao longo do casco do Escape. Devido às grandes dimensões, foi um desafio me conter e não encher o casco com as belas criaturas marinhas que habitam as águas em que o Escape vai navegar. Como o Escape ficará baseado em Miami, escolhi o agulhão-bandeira para ser a imagem de proa [o desenho também se estenderá pelas laterais, até a traseira do navio]. O agulhão-bandeira representa muito bem o sul da Flórida, que é a capital mundial das pescas embarcada e esportiva. No final de julho, vou visitar o estaleiro em Papenburg, na Alemanha [onde o Norwegian Escape está sendo construído], para ver o progresso, dar alguns conselhos e deixar minha marca pessoal no navio.

RL: De onde vem sua fascinação pelo mar?

GH: Eu cresci na Jamaica com pais que adoravam pescar e mergulhar de snorkel. Desde pequeno, eu adorava estar lá fora, em cima ou embaixo da água. Na escola, eu queria estudar os peixes, por isso segui carreira científica em biologia marinha e mais tarde fiz doutorado em biologia píscea e gestão pesqueira. Morando nas Ilhas Cayman, o oceano fica na porta de casa, e eu passo muitas horas mergulhando.

RL: Sua arte reflete seu amor pela pesca esportiva. Como pescador, o que você acha mais empolgante?

GH: Eu gosto de todos os tipos de pesca, de pegar diferentes espécies e de usar diferentes equipamentos. Gosto bastante de peixes grandes como marlins, agulhões-bandeira e atuns. Eles são bonitos, fortes e imponentes. A melhor parte é vê-los sair nadando ilesos depois de uma batalha épica. Para pescar, meus favoritos são os peixes-de-bico, por causa de seus saltos espetaculares, que eu adoro filmar. Alguns de meus locais preferidos para pescar no Caribe são São Tomás e Porto Rico para o marlim-azul, Venezuela para o marlim-branco, Isla Mujeres, no México, para o agulhão-bandeira, o marlim-branco e o tubarão-mako, e também as Ilhas Cayman para o golfinho, a cavala e o atum. Pescar e soltar um enorme atum-rabilho nas águas da Nova Escócia, um enorme peixe-espada, um grande marlim-preto ou azul em qualquer lugar, no Panamá ou na Austrália, é a maior emoção que há para quem pesca com vara.

"Log Jam", de Guy Harvey

RL: Como você descreveria o estado atual dos oceanos?

GH: O estado atual dos oceanos não é nada bom. À medida que a população humana cresce, a maior demanda por alimentos estimula a continuidade da pesca excessiva. A destruição dos habitats e a poluição dos ecossistemas marinhos se estende aos recifes de coral, à grama marinha e aos manguezais. E ainda temos os efeitos da mudança climática. Hoje, mais países apreciam o valor dos ecossistemas de vida marinha, não apenas para manter a biodiversidade, mas também para o bem-estar da economia e da população. É nossa responsabilidade coletiva conservar o ambiente marinho e manter a biodiversidade do planeta. Em geral, o Caribe tem uma grande oportunidade de conservar seus ecossistemas marinhos, tanto para manter a biodiversidade como para funcionar como atração principal no setor de turismo. Espero que as pessoas façam a coisa certa e tomem boas decisões.

RL: Você está preocupado com a mudança climática?

GH: Muitos governos têm demorado a perceber que a situação não é sustentável e que o planeta está cozinhando lentamente devido aos gases de efeito estufa gerados pela atividade humana. Além disso, o nível do mar aumentará devido ao derretimento das calotas polares. Combine esses efeitos devastadores com a maior extinção de espécies desde o desaparecimento dos dinossauros e, muito em breve, veremos mais pessoas exigindo atitudes por parte de empresas e governos.

RL: O Norwegian Escape terá a bordo tecnologias ambientais de ponta. Qual é o aspecto mais estimulante de trabalhar com a Norwegian?

GH: Historicamente, a indústria de navios de cruzeiro carrega uma má reputação pelos danos que tem causado ao ambiente marinho. Isso está mudando à medida que os navios se tornam mais eficientes e as empresas adotam a sustentabilidade. No Norwegian Escape, vou apresentar um canal de TV a bordo para mostrar as magníficas criaturas marinhas que encontro quando mergulho ou pratico pesca esportiva em diferentes lugares. Esses documentários têm um ótimo conteúdo educativo.

LM: Você pode contar algumas de suas experiências mais marcantes no mar?

GH: A maioria da minhas expedições envolve pesca ou mergulho em locais geralmente remotos, como a Ilha do Coco, na Costa Rica, o Panamá ou as Ilhas Galápagos. Eu já tive muitos encontros excepcionais com grandes tubarões, baleias e peixes-de-bico durante mergulhos e pescarias no oceano. Os encontros com essas criaturas majestosas me estimulam a pintá-las e a trazê-las para a vida das pessoas por meio da arte.

Guy Harvey Research Institute

LM: Conte-nos sobre o trabalho da Guy Harvey Ocean Foundation e do Guy Harvey Research Institute.

GH: O Guy Harvey Research Institute (GHRI) começou a funcionar em 1999, no Centro Oceanográfico da Nova Southeastern University, na Flórida. Eu financiava trabalhos de pesquisa sobre tubarões, peixes-de-bico e atuns com a receita gerada por minha empresa privada de licenciamento. A Guy Harvey Ocean Foundation, que é uma organização sem fins lucrativos, foi fundada em 2007 para ajudar com campanhas educativas e arrecadar fundos. Até agora, o GHRI já publicou mais de 80 artigos científicos nos melhores periódicos e é um líder mundial em pesquisas sobre tubarões e peixes-de-bico. Eu geralmente filmo o trabalho do GHRI como base para meus documentários educativos.

RL: Como foi que o venenoso peixe-leão, nativo do Pacífico, chegou ao Caribe?

GH: Originalmente, o invasivo peixe-leão veio do Pacífico Ocidental para a Flórida com o comércio de aquários. Sendo um predador voraz, ele consumia todos os outros peixes nos aquários das pessoas, crescia e depois era solto nos canais. Com o tempo, ele proliferou nas águas quentes e ricas em alimento das Bahamas e do Caribe, e sua quantidade aumentou drasticamente devido à sua alta capacidade reprodutiva e à ausência de predadores naturais. No entanto, o gosto do peixe-leão é muito bom, e ele agora é o peixe preferido para consumo em todo o Caribe, aliviando a pressão sobre espécies excessivamente pescadas, como garoupas e pargos. Com o aumento da demanda pelo peixe-leão, mais serão capturados dos recifes, até que as forças naturais consigam controlar sua população.

RL: Como consumidores de peixe, que espécies devemos evitar para ajudar a conservá-las?

GH: Há vários guias sobre frutos do mar sustentáveis, e a Guy Harvey Ocean Foundation publica um on-line e em formato impresso. Há algumas espécies de crustáceos e peixes silvestres que ainda são capturadas de forma sustentável, como o salmão, a lagosta e algumas espécies de atum. Muitas espécies já são plenamente exploradas e devem ser evitadas, e algumas estão em condição crítica de superexploração. Hoje, o peixe-leão é uma opção óbvia, assim como a tilápia criada em cativeiro, que se tornará o peixe do futuro.

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